29 de dez. de 2008

Claubin

Com a super saturação dos anisups na minha mente, resolvi criar uma coisa totalmente nova. Não queria trabalhar mais com animais, mas sim com humanos, pois sentia falta de me identificar com a minha criação. Descobri que o caminho que mais agradava não era a super complexidade, como nos anisups, nem o fabulismo, como nos novos anisups, mas o cotidiano. As pessoas, assim como eu, gostavam de se identificar nos personagens, então recorri ao simples. Uma família. À luz do que eu vinha passando, resolvi criar um personagem que fosse eu, só que em outra pessoa. Eu estava morando na casa da minha tia nesta época, então o meu contexto correu em cima da minha própria história. Eu precisava de um nome, então eu montei o personagem com base no meu melhor amigo da época, Glaubin. Daí nascia Claubin.
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História
Claubin era um garoto que conseguiu bolsa em uma escola em outro estado. Para estudar nesta escola, Claubin saiu de casa para passar o ano na casa da sua tia, onde iria conviver com seus primos Bily e Bia. Eles tinham um gato chamado Flampi, que, a princípio, era só um personagem secundário, mas acabou ganhando uma atenção a mais. Na nova cidade, Claubin faz novos amigos, entrando para um clube, mas também faz inimigos, visto que o líder do clube rival tinha histórias e assuntos pendentes com ele. A história se desenrola nos conflitos travados pelos dois grupos e o conflito interno de Claubin, tendo que equilibrar a escola com o clube com a dificuldade de se viver longe de casa. Não é muito evidente, mas a história de Claubin tem uma cronologia própria. É possível notar que a série trabalha com cada personagem individualmente, mostrando a evolução e a especificidade de cada um.
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Desenvolvimento
Claubin marcou o início da minha carreira com os quadrinhos em um trabalho apresentável. Diferente dos projetos anteriores, neste eu fiz de tudo para que se tornasse uma revistinha séria, tomando por base tudo o que eu tinha aprendido até então. Organizei melhor as minhas idéias, usei régua para construir os quadros, caprichei na letra dos balões e plastifiquei as capas. Realmente, foi um trabalho digno. Na primeira edição, eu abordei o início de toda a complicação da série, com apresentação de contexto e personagens. Pode-se observar uma radical evolução só dentro da primeira edição. A partir da segunda, as histórias seguiriam independentes, mas sempre com uma pequena cronologia.
Na segunda edição, claubin assume a identidade de um super-herói, saindo nas ruas de sua cidade para combater o mal (Claubin não tinha super-poderes, isto foi uma aventura de pré adolescente). Ele se vestia com uma fantasia de carnaval e se intitulava o "Mosquito Radioativo", com seu parceiro inseparável o "Gato Prodígio" (Flampi). Foi nesta época em que o meu interesse por super-heróis teve sua origem. Comecei a ver com o tempo o Mosquito radioativo menos como piada e mais como um personagem a parte.
Na terceira edição eu já demonstrava bastante firmeza no traço e pintura cada vez mais forte e chamativa. Dei uma grande valorização ao cenário, o que enriqueceu muito o meu gibi. Sentia que as minhas piadas iam ficando cada vez mais inteligentes e engraçadas. A revistinha estava ficando um pouco menos infantil. Nesta edição, eu abordei a entrada de um novo personagem, o Kangaroo, um canguru boxeador. Recheei as páginas de ação e linhas de movimento. A história estava muito bem elaborada, mas com o fato de outras coisas estarem ocupando a minha vida, acabei deixando esta edição inacabada.
Mas Claubin foi bem além das revistinhas. Este personagem se tornou a minha marca, sendo protagonista de alguns outros meios de comunicação que eu tinha em mente. Misturando rap com quadrinhos, formei a minha primeira organização na qual Claubin era o mascote. A MusicArte.
Claubin foi sem dúvida uma idéia genial e posso dizer que foi a minha primeira linha de desenho que deu certo. Os exemplares continuam ilesos até hoje e eu ainda os utilizo no meu mostruário. Mas por motivos externos como a escola e o rap, que estava ressurgindo em mim, eu interrompi esta série e deixei Claubin como uma idéia arquivada, para que um dia, quem sabe, eu a retome. Ainda assim, os meus planos com o Claubin não sumiram do nada, comecei a explorar outros meios de comunicação, como os vídeo-games.

Conhecendo o rap

Depois de passar um período morando em Baixo Guandu, voltei para a cidade grande e comecei a criar um gosto musical próprio. A grande influência foi Gabriel o Pensador, que, com suas letras inteligentes, rimas bem elaboradas e mensagens super bem pensadas, me fez cair no gosto do rap e pesquisar mais. Não cansava de ouvir seu CD e decorava todas as músicas para cantar para os meus amigos, o que me fez ficar conhecido por isto na escola.
Certo dia, a minha professora de português passou um trabalho para que fizéssemos uma apresentação sobre a educação. Como eu já tinha uma fama, ela me sugeriu fazer um rap. Abracei a ideia e, a partir de uma letra do Gabriel o Pensador, eu fui substituindo as palavras e mudando a ideia até abordar o tema proposto. Cantei este rap para a escola inteira e foi o maior sucesso. Vi que tinha dom para a rima. Todos ao meu redor gostavam e eu me sentia muito bem com isto.
Comecei a trabalhar nas minhas próprias letras, sempre por algum motivo que eu cantaria. A primeira letra totalmente minha foi um rap pro meio ambiente que eu também cantei na escola. Meu tio, que era gerente de um supermercado, viu o meu talento e pediu para que eu fizesse um rap para ele. Fiz este rap e, no aniversário do supermercado, eu cantei pra várias pessoas que estavam no estacionamento. Em sequência, eu fiz um rap pro natal, que fui pedido para cantar em vários lugares. Desde a sala de aula até o ônibus escolar. A 6ª série, realmente, foi o período em que eu me senti um verdadeiro popstar. Conhecido em toda a escola como o "garoto do rap".
Com o passar do tempo, eu fui crescendo e minhas rimas foram evoluindo. Criei um rap para o professor e outro para o estatuto da criança e do adolescente. Estes dois, juntamente com o do natal, sobreviveram mais do que qualquer outro e me acompanharam, inclusive, na próxima fase. Quando minhas letras ficaram mais bem pensadas. Dei uma reformulada no rap do natal para, com ele, fazer um trabalho envolvendo a sala de aula inteira. Me senti bastante honrado no início, mas não fiquei tão contente assim com o resultado final. Fiquei com o sentimento de que não foi tão bom assim. Por este motivo e a falta de incentivo da escola (só fazia letras de rap para a escola), deixei de criar minhas letras. Vivi o meu momento de popstar, mas achei que era forssação de barra, então deixei esta vontade guardada para renascer mais pra frente, quando eu encontrei um novo incentivo.

28 de dez. de 2008

Anisups 2

Com a volta para a cidade grande, comecei a receber novas influências além de Pokemon e Dragon Ball. Tais influências vinham principalmente do humor dos gibis, onde eu comecei a assinar as revistinhas da Turma da Mônica. Algo que realmente me prendia a uma revistinha era o cômico, então decidi investir nesta área. Comecei a trabalhar com o Cartum. Uma série, mais do que todas as outras (talvez não mais do que pokemon), me impressionou verdadeiramente. Um personagem apareceu na minha vida, me tornando um fã seguidor até hoje, era o Sonic.
Eu era vidrado no Sonic e respeitava tudo o que ele fazia. Aqui começaram dois desejos meus: a super-velocidade (que eu vou restaurar mais pra frente) e a antropomorfagia em animais, esta eu quis aproveitar agora.
De início, eu fiz uma radical transformação nos meus antigos Anisups. Eles que, antes eram meio animais meio humanos, agora eram totalmente animais, que agiam, falavam e se comportavam como pessoas. Me converti ao "fabulismo". O velho M, que antes era um menino esquilo, agora se transformou em um guachinin, mantendo as mesmas habilidades. N, que antes era o personagem secundário e um menino guachinim, se tornou um esquilo, assumindo a mesma função de antes, mas não mais como antagonista, como coadjuvante. O ambiente também mudou, eles viviam em uma floresta como uma civilização e a história foi reduzida ao mínimo. Eram simplesmente uma civilização de animais especiais desconhecida pelos humanos. Dentro desta segunda geração de anisups, várias modificações foram feitas até que se chegasse a um resultado no qual eu me estabilizasse um pouco.
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História
Dentro de uma civilização de animais que agiam e falavam como humanos, quatro em especial se destacaram, sendo que cada um possuia uma habilidade especial. Hirap era um guachinin que podia voar com o simples girar do seu rabo; Leosreggae era um esquilo que tinha um alto poder de aderência e podia escalar qualquer lugar; Dase era uma gata que podia pular mais alto do que qualquer outro, ela também tinha unhas tão fortes que cortavam qualquer coisa; Denise era uma coelha que chamava atenção por sua incrível velocidade sobre duas patas.
Os quatro eram verdadeiramente amigos e foram marcados entre a civilização como os protetores da floresta. Juntos, eles impediam que qualquer mal acabasse com o equilíbrio da civilização, inclusive os caçadores, que eram os principais antagonistas (uma crítica à invasão dos humanos ao espaço dos animais. Mas claro que nesta época eu não tinha consciência disto).
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Desenvolvimento
A primeira edição terminada com os novos anisups era um desafio em dois âmbitos diferentes da minha vida. O desenho e o rap, que eu tinha acabado de descobrir. Fiz a revistinha inteira com as falas e onomatopéias convergindo em rimas. Foi complicado desenvolver, mas consegui e os meus amigos gostaram. A partir daí, criei a segunda edição e dei início a algumas possibilidades para uma terceira, mas a idéia já estava enfraquecendo e eu já estava partindo pra outra. Apenas a segunda edição eu tenho como amostra até hoje. Todos os outros registros se perderam com o tempo.

Com a segunda geração dos anisups, eu passei para o estilo cômico, dando menos ênfase à história e mais ao humor. O estilo cartoon continuou na minha carreira, mas eu vi que faltava alguma coisa. Eu não me identificava com os meus personagens como me identificava antes. Então deixei esta idéia de molho e parti para uma outra linha de desenho paralela, agora trabalhando com seres humanos.

27 de dez. de 2008

Anisups

No fim da década de noventa, as crianças estavam sendo bombardeadas com influências de Pokemon e Dragon Ball. Eu era uma delas. Fiquei louco com a idéia de uma dimensão recheada de criaturas fantásticas com poderes diferentes que lutavam entre si. Quis criar a minha própria dimensão, uma dimensão com todos os personagens que eu já tinha. Os meus personagens, na maioria das vezes, eram baseados em animais com alguma coisa especial _Como o M, que era metade menino, metade esquilo_ Generalizadamente, meus personagens eram animais super poderosos. Daí surgiu o nome Anisup.

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História
Em uma galáxia distante, viviam em harmonia uma série de criaturas fantásticas chamadas anisups. Com uma catástrofe, o planeta em que eles viviam foi destruído. Para a não extinção da raça, cinquenta espécies de anisups foram aprisionados em um cristal cada um e enviados dentro de um meteoro, para um outro lugar, o planeta Terra. Ao se chocar com a Terra, o meteoro espalha todos os cristais em diferentes pontos do planeta e os anisups retomam a forma original. Só que havia um problema, a mágica que fez os anisups se transformarem em um cristal e se transportarem para a Terra, impunha que somente um anisup sobreviveria neste planeta, enquanto os outros deveriam voltar a ser cristais. Assim começa a saga de M, em busca dos outros quarenta e nove anisups perdidos no mundo, a fim de derrotá-los e colecionar os seus cristais para, só assim,viver na Terra.
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Desenvolvimento
Os anisups não foram a minha primeira experiência com quadrinhos. Quando criança, criava histórias misturando Cebolinha e Bomberman no mesmo contexto. Também gastava cadernos copiando historinhas da Disney e uma série especial que eu fiz de Pokemon. Já fui para os anisups com uma base, a grande evolução nesta linha foi a utilização de folhas sem pauta.
Comecei criando uma história sem fim pré-determinado. O que a minha imaginação ia me dizendo, eu ia fazendo. O primeiro gibi dos anisups nunca chegou a ser terminado. Além dele, eu fiz um caderno com a ficha de todos os personagens, que eram 50 ao todo. Dividi-os em tipos e adicionei poderes e fraquezas a cada um. No momento em que eu ia criando, eu ia imaginando a história por trás dele. Este caderno foi terminado.
A idéia dos anisups era boa, e eu gostei. Chamei os meus amigos para desenvolvermos as idéias juntos e, cada um, assumiu a identidade de um personagem diferente. Formamos o clube dos Anisups e prometemos uns aos outros que levaríamos esta idéia à frente. Bom, a idéia foi... Mas passou por várias modificações ao longo do seu percurso.

A origem de uma personificação

Quando eu era criança, sempre gostei muito de desenhar. Tinha sonhos loucos e absurdos que não saiam da minha imaginação, mas ficava fascinado com a idéia de realizá-los. Eu não sonhava em ser bombeiro ou astronauta, como toda criança normal, eu sonhava em ter um rabo de esquilo e voar girando com ele. Eu tinha consciência de que esta vontade maluca eu não poderia realizar, mas consegui transpor ela para o papél e, assim, criei um personagem que saciaria esta vontade por mim. Se tratava de um garoto com rabo e orelhas de esquilo, este garoto podia voar com o simples movimento do girar do rabo. Estava criado o meu próprio amigo imaginário, que, mais tarde, acabou se tornando a minha primeira personificação.
Gostei muito deste personagem e o batizei com o nome de um personagem de desenho que eu gostava muito. Este nome foi mudando com o decorrer do tempo, mas vou chamá-lo aqui de "M". Gostei tanto que não o queria mais como um amigo imaginário, queria ser ele. Com isto, assumi uma identidade falsa de um personagem que eu tinha criado para saciar os meus desejos mais absurdos. Eu ERA o "M".
Com o tempo, comecei a complexificar a idéia. Criei novas habilidades, uma personalidade mais fixa e uma história para o personagem, abordando, na sua origem, temas como a ufologia. Criei um irmão gêmeo para ele, o qual eu vou chamar aqui de "N". N seria o lado oposto de M, sendo que os dois eram uma parte de mim. M seria o meu primeiro herói inventado e, N, o primeiro vilão.
Assim, eu fui crescendo com esta idéia na cabeça, não precisava me conformar com o que a natureza tinha me dado, se, com a minha imaginação, eu poderia ser o que quiser. Levei esta idéia à frente. Eu era um ser poderoso e poderia fazer mais. Criei mais e mais personagens semalhantes a este e, logo, tinha uma coletânea completa de criaturas fantásticas. Surgia a idéia dos Anisups.

Bem Vindo ao Rapman Book

Olá, amigos, colegas e super-heróis que estão visitando este blog. Aqui eu vou postar todo o meu percurso como artista, listando todas as minhas linhas de desenho que vierem à lembrança e os meus principais personagens durante a minha carreira. Duas principais linhas seguem neste blog, as artes plásticas e o hip-hop. Aqui vocês podem acompanhar a evolução do meu traço e das minhas idéias, além de ficarem sempre por dentro do que anda acontecendo na Rapmanworld.

Boa viagem... Só não se percam ao entrar!