24 de jun. de 2009

Rapman

Este post é um divisor de águas. Tudo o que se encontra antes serás marcado pelos historiadores da arte como a.R (antes de Rapman) e tudo que for postado a partir deste está no que chamarão de período d.R (depois de Rapman).

Eu ainda estava em busca do meu personagem perfeito assim que abandonei o Melecoman. Passei por Rabbit Run, mas ainda assim, não tinha encontrado a "batida perfeita". O desenvolvimento e a exploração de Rabbit me fizeram amadurecer um estilo que me interessou muito no que diz respeito à personalidade. Sabia que queria um herói daquela forma. Mas precisava de um que representasse mais a minha personificação. Cheguei à conclusão de que, para fazer a minha personificação como herói, deveria fazer um que tivesse as minhas verdadeiras habilidades. Então me fiz a seguinte pergunta: Quais são os meus verdadeiros super-poderes? Cheguei a duas respostas: Eu tenho o poder do traço e o poder da rima. Das duas opções, a que se mostrou mais adequada para desenvolver um herói que já estava seguindo a minha linha foi a segunda. Então estava decidido, eu ia criar uma personagem com a temática voltada para a cultura hip-hop.

"(...)às vezes você escolhe o seu nome... Mas às vezes é ele quem te escolhe."

Ouvi esta frase em um certo filme e foi assim que aconteceu comigo. Como um "plim", o nome simples e perfeito me surgiu para o herói: Rapman. Um nome que caberia perfeitamente para suas habilidades.
Algo que fiz questão de deixar como característica herdada do Rabbit foi a roupa no estilo hip hop e a máscara formada por uma bandana com dois buracos para os olhos. Acrescentei a este uniforme um boné, que seria peça fundamental, mais do que estilo. Para o desenvolvimento dos poderes, eu levei em conta os elementos da cultura hip hop, e me apoiei no Breakdance. Criei, então, um estilo de luta baseado nos movimentos do break, que chamei de Darkbreak. De velocista, então, o meu herói passou a ser um lutador. Explorando mais os elementos do hip hop, acrescentei como poder a habilidade de criar e controlar o graffiti do ambiente, causando ilusão e confundindo os seus adversários. Ao fundo, uma batida de rap que ele mesmo criaria, para usar como base nos seus movimentos e distrair os inimigos. Este golpe eu chamei inicialmente de Beatbox. O boné, que seria peça fundamental, eu coloquei como uma arma de mão, já que ele era peça marcante pra mim. O boné poderia ser usado como "espada" ou atirado nos inimigos, criando um som de scratch no ar. Esta habilidade eu chamei de Bonescratch. Todos estes poderes e características não foram criados de um dia pro outro. Até o presente momento, foram dois anos e meio modificando e adequando todas as características da personagem até chegar a um ponto. (que eu acredito ainda que possa não ter chegado) Mas, a partir de todas estas características que eu consegui desenvolver, consegui criar um super-herói diferente de todos os outros e que se encaixaria perfeitamente a mim. Tudo o que eu precisava agora era criar um contexto... Uma Vitória um pouco mais violenta, cinza e densa, embelezada somente pelas artes urbanas nas paredes e rodas de break em algumas praças. Onde a polícia seria insuficiente e as gangues eram mais organizadas. Nesta cidade, tribos urbanas desenvolvem habilidades fora do normal. Ambiente perfeito para ser gerado um super-herói do gueto...
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História
Leonardo era um jovem que cresceu na cidade de Nebulus, cidade muito violenta, conhecida pela organização das gangues de rua e tribos urbanas bem "diferentes". Desde muito cedo, começou a participar da comunidade hip hop da sua cidade, fazendo aulas de Break e Graffiti. Com o tempo, ele foi desenvolvendo habilidades em cima das que ele estava aprendendo. Para se defender dos caras mais velhos na escola, conseguiu utilizar os passos de Break que sabia como forma de luta, criando assim, uma nova arte marcial, o Darkbreak. Com o tempo, ele viu que também poderia controlar o graffiti e criar sons, que o auxiliavam no seu estilo de luta.
Assim que o centro cultural foi fechado, ele passou a frequentar o lugar sozinho todas as tardes para aprimorar as suas habilidades. Fez isto durante oito anos. Aos dezesseis, Leonardo aparece em público pela primeira vez, impedindo um assalto e, a partir daí, ele decide agir na cidade como um justiceiro, utilizando as habilidades que aprendera para limpá-la dos bandidos. Mas, por parte da sociedade e da própria família, há uma certa resistência quanto a aceitação deste novo "herói" que faz justiça com as próprias mãos. Pelo próprio preconceito contra o hip hop, muitos acham que ele seria apenas mais um marginal disfarçado, outros já gostaram do justiceiro misterioso e o apelidaram de Rapper Mascarado. Com isto, Leo encontrou uma grande dificuldade em ser aceito na sua cidade, mas estava disposto a provar para todos que estava ali para fazer o bem. Em sua primeira declaração à imprensa, se intitulou Rapman.
Nas noites da cidade, Rapman enfrenta dos mais variados desafios, encontrando inimigos de diferentes grupos e estilos. A temática desta série se volta basicamente para a exploração de heróis e vilões em suas diferentes tribos. As gangues em Nebulus se organizam basicamente a partir de seus estilos musicais, e Rapman descobre porque. Existe uma arena clandestina aonde todos os estilos se enfrentam sob o controle de um vilão maior. Além de provar que é um herói, e não um marginal, Rapman ainda tem o desafio de acabar com esta arena e derrotar todas as gangues que querem a sua cabeça.
No decorrer da aventura, Rapman também vai fazendo amigos, como os Punks justiceiros e a personagem secundária Bailarina, que, aos poucos, vai ganhando destaque na série. Outra proposta minha é conciliar boas relações com estilos totalmente diferentes.
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Desenvolvimento
Com a experiência que eu tive em Claubin, percebi que uma revistinha era algo demorado para se fazer quando se faz sozinho. Então resolvi me dar um tempo para organizar os pensamentos e só fazer um gibi do Rapman quando tivesse certeza de toda a história. Queria fazer, enfim, algo profissional, e, para isto, precisaria que a personagem estivesse completamente desenvolvida. Passei todo o tempo então só desenvolvendo todas as características da personagem e seu contexto. Comecei a fazer desenhos soltos só do Rapman e criei a minha linha de desenhos principal da época, onde eu estava desenvolvendo uma técnica bastante avançada com o lápis de cor. Narrei várias passagens da história do Rapman e apresentei muito da história com estes desenhos. Criei um portfólio e o usei para apresentar em vários lugares que eu ia. Rapman se tornou a minha série principal, tomando o lugar do Claubin, que era o meu mascote durante anos. Adotei este nome como pseudônimo e nome artístico, assinando todos os meus trabalhos e letras de rap a partir de então como tal. Rapman, além de mascote, acabou se tornando depois a própria empresa. O que antes foi MusicArte e depois RapArt, acabou se tornando Rapman Studios.
Realmente tinha encontrado o ponto chave de toda a minha linha de desenhos em Rapman. Enquanto ia aprimorando e acrescentando o que achava necessário na série, fazia desenhos como nunca e desenvolvia técnicas novas a cada dia. Não era como em Rabbit Run, onde eu só pensava nas histórias. Neste eu produzia. O próximo passo seria a HQ. Até lá eu ira amadurecendo a ideia e ganhando experiência nas ligas de super heróis.

21 de jun. de 2009

O final de uma história - Prisioneiro da minha imaginação

Após sair dos Estudantes Paladinos, eu passei por um período de transição de personagem e estacionei em Rabbit Run. Me encontrei nesta personagem e me identifiquei tanto com o resultado que comecei a assumir a sua a sua identidade. Na verdade, Rabbit foi criado neste intuito, mas chegou a um ponto que começou a sair do controle.
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Perdendo o controle
Rabbit foi uma personagem criada como o auter-ego do criador, logo, eu era o Rabbit. O que acontece, é que as aventuras do super herói descolado eram totalmente fictícias, então eu simplesmente me sentava no sofá ou ficava andando de um lado a outro da casa imaginando cena por cena cada episódio de Rabbit Run. Este hábito se tornou tão frequente que eu parei de desenhar ou viver certos momentos só pra ficar inventando as minhas histórias. Com Rabbit, eu podia saciar todas as minhas vontades pessoais com uma maior facilidade, era só imaginar (eu era popular, pegava garotas, corria sobre a água, viajava o mundo, aparecia na TV...). Só que, para viver para o Rabbit, eu estava aos poucos deixando de viver pra mim. Eu fugia dos meus problemas e não conseguia concretizar nada, porque, na minha mente, eu conseguia resolver tudo. Quando eu acordei e percebi isto, vi que estava fazendo mal pra mim. Só que as aventuras de Rabbit eram tão empolgantes, que eu não conseguia parar de inventar mais e mais. Foi então que eu tomei uma decisão. Resolvi criar um final para a série.
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Rabbit Run - O Fim
No decorrer da série, Rabbit constrói várias coisas e passa por várias experiências até se tornar o herói que ele era hoje. Um herói menos despreocupado com a vida e mais responsável com seus atos. O período da história é de exatamente um ano, quando Rabbit Conhece a Bird na metade do ano e os dois se tornam namorados quase no final.
No último dia do ano, Bird precisava voltar para a sua cidade natal, afinal, ela só passaria aquele semestre naquela cidade. Rabbit ficava muito deprimido, pois ela teria que ir embora justamente quando os dois estavam se dando bem, e Bird sentia a mesma coisa. A verdade é que um completava o outro e esta separação seria difícil para os dois. O episódio se passa no topo de um prédio de Vitória, osde Rabbit estava sentado olhando os movimentos e Bird aparece, sentando ao seu lado. Nisso, os dois ficam a tarde inteira relembrando os bons e os maus momentos que passaram juntos. O episódio, é, na verdade, uma retrospectiva de toda a série. Os dois assistem ao último pôr-do-sol juntos e Bird tem que ir, pois não podia perder o navio. Na partida, Rabbit acompanha da baía de Vitória sua namorada embarcando. Quando o navio já estava bem longe, Rabbit corre sobre a água atrás do navio e o alcança antes de ele antes de atingir o oceano. Segura nas mãos da Bird (os dois estavam sem máscara neste momento) e dá o último beijo da história. Depois de algumas palavras melosas (toda aquela baboseira de coração, alma gêmea, um dia nos reencontraremos, blá, blá, blá), os dois se despedem e Rabbit volta para a terra do mesmo jeito que foi ao navio, sem se importar com a sua identidade secreta. A partir de então Rabbit continuaria a sua vida como super-herói sozinho, mas levando tudo o que aprendera neste ano para o resto da vida. O episódio termina com o brilho do olhar úmido da Bird e fecha com uma nuvem em forma de coração no céu. Fim!
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[...]
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Viram como eu não sou um casca grossa? Também tenho um lado sensível. Foi necessário que eu desse um final a esta história, pois, só assim, eu conseguiria me livrar de virar um prisioneiro das aventuras de Rabbit e Bird. Rabbit Run foi a única série minha que teve início, meio e fim. Se esta série um dia vai pro papél ou teria uma continuação onde Rabbit enfrentaria novos desafios em uma nova temporada, eu não sei, mas uma coisa é certa, toda esta experiência contrubuiu incrivelmente para todo o contexto da minha nova série. Eu já estava em outra, e, desta vez, eu estacionei e PAREI no personagem ideal. A partir de todas as características que eu desenvolvi em Rabbit Run, eu aprimorei o contexto e criei o Rapman.